domingo, 16 de setembro de 2012

Espetáculo

Podemos viajar para ver um espetáculo? Eu adoraria. Se se fácil assim fosse, eu teria ido ontem até Lisboa, a mais perfeita das cidades. O espetáculo em questão era um monte de gente nas ruas para a manifestação "que se lixe a Troika".
Impossível não cantarolar Chico Buarque:

Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente.



Há poucos espetáculos mais bonitos do que uma rua cheia de gente demandando o que é justo e de direito.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Hospedagem em Viena

Quando decido viajar, a pergunta a seguir é sempre a mesma: onde dormir. Digo dormir e não me hospedar porque em cidades que mal conheço costumo ficar quase tempo nenhum "em casa". Mas isso pode ser um erro...Ainda bem que, instada por uma amiga, alugamos um apartamento. Tamanho exato, bonitinho sem firulas, confortável e bem localilzado - fora da área turística, mas a walking distance desta. Acabei atendo um probleminha de saúde, e aí foi de sua importância estar bem instalada. Além do óbvio: adoro brincar de casinha em cidades outras. Do pequeno apê eu ia pro mercadinho natureba comprar produtos "bio", pro mercadinho gourmet compar umas bebidinhas, pra tudo que precisava incluindo o indefectível u-bahn, metrô.
Preço? 90 euros por dia e dividimos por três. Melhor relação moleza/benefício impossível.
Mas tive esse apê por uma semana apenas e dali me mudei para o Radisson Blu, em frente ao Stadtpark. As duas janelonas do quarto davam para o verde. Como reservei pelo infalível booking.com, paguei menos do que esperava por um hotel tão confortável. O quarto era enorme, com um banheiro muito bom e um frigobar for free. Ou seja, tinha sempre um suco, água ou cerveja à minha espera depois de um dia de baeção de perna. Dividido por dois: 40 euros per capita.
Ou seja, dentre outras qualidades, Viena, se comparada a outras capitais européias é bem barata. Não como Lisboa, claro, mas é barata para quem vive em Sampa!
Bom, depois de uns dias estava sozinha na cidade e precisei de um novo lugar. Como o Radisson Blu em cima da hora e sem o booking.com era outro preço, lá fui eu em busca de um teto. Pelo mesmo booking encontrei um hostel, a Pension Riedl. Pouco menos de 40 euros por dia, um quarto até bonitinho, com baheiro compartilhado, lá fui eu. Ao chegar, duas surpresas: estava só: ou seja, o banheiro era meu e a ducha era no quarto. Surpresa #2: era em uma pracinha preciosa e em frente ao edifício do correio projetado pelo Otto Wagner. Eu tinha desejo de passar o dia na janela.
Na vizinhança uma lojinha natureba (sou viciada nelas) que servia almoço; o MAK, museu de artes aplicadas e industriais; o Café Prückel, fundado em 1903, muito bom e até mesmo um restaurante asiático onde matei um pouco da minha saudade gastronômica do Vietnã.
Assim, com uma média de 35 euros por dia, pude ficar 14 dias em uma capital européia. Pas mal. A partir disso, descobri que mesmo os hotéis estrelados são viáveis se agendados com um pouco de antecedência pelo booking.com.
Viena que me aguarde. Sei que ainda vou voltar.
Nas imagens abaixo, o correio e a entrada da Pension Riedl. Sinto que o Schorske me enganou quanto à Ring, mas ele bem descreveu o que era a entrada de um prédio burguês do fin-de-siècle.



domingo, 9 de setembro de 2012

A casa do homem

Tenho uma irmã piscanalista e outra simpatizante. Mesmo não tendo frequentado divãs, o pensamento do freud é uma referência na vida. Talvez  a crença que restou para uma descrente.
Bem antes do meu embarque pra Viena já fui indagada se iria até a Bergasse. Berg o que, não tinha ainda me ligado nesse assunto. Mas é claro que era um dos programas imperdíveis, ainda mais depois de ter desgostado do filme do Cronemberg sobre Freud e Jung. Já conhecia a casa em Hampstead, Londres, e esta me esperava.
Na minha primeira tentativa atrasei tanto que ao chegar a casa estava fechando. O que Dr. Freud diria de quem se atrasou para o primeiro encontro? Muito, suponho. Mas depois de olhar tantas pinturas do Gustav Klimt era impossível não me render àquele clima de quando se discutia artes (no plural), política e sexualidade tudo num pacote só. Impossível não pensar em Freud ao olhar as frisas de Beethoven no edifício da Secessão. Assim sendo, voltei, desta feita com tempo.
É uma casa em um bairro aparazível perto do centro, de um braço do Danúbio e da universidade. Em meio a tantos predinhos baixos lá estava a casa do homem.
Adoro casas-museu. Algumas são muito fetichistas, capazes de guardar até papel de bala, mas esta não. É um templo para os estudiosos da piscanálise. Nem sei o que era mais interessante; os objetos e móveis ou os observadores. Alguns anotavam tudo, letra a letra. Para quem conhece bem deve ser um achado. A escrivaninha, o divã - claro! - as coleções de imageria africana.... as cartas, os escritos, os livros. Fotos e mais fotos. Só não pirei porque não leio bem em alemão, então fiz uma visita relativamente rápida, movida a curiosidade e admiração, mas não necessariamente a uma possibilidade de reflexão mais profunda. Contudo, em alguns momentos tinha a impressão de que estava diante da face pública do criador da psicanálise e em outros, de seus segredos, de seu inconsciente. Será que ele um dia imaginou seus objetos expostos? O que o encantou/instigou em cada um deles? Por que um certo afã colecionador? O que papéis e quinquilharia permitem ver?
Ao final, para deleite dos ignorantes, um filminho narrado por Anna Freud. Uma ode de admiração da filha ao pai, da psicanalista ao fundador.
Saí de lá e Viena me esperava com um sol luminoso. Sentei pra tomar um suco numa portinha qualquer, pensando que tinha feito uma breve visita a um cara que, valente e bizarro, desnaturalizou um tanto a nossa vida, nossos temores e impasses. Sempre penso que devemos uma a alguns personagens. Freud sem dúvida é um deles. O Aperol Spritzen daquele fim de tarde foi dedicado a ele.











sábado, 8 de setembro de 2012

Síndrome de abstinência e saudade de Viena

Foi preciso contemplar uma blue moon (a segunda lua cheia no mesmo mês) pra ficha cair: vi a lua cheia em Viena, em Lisboa, em Sampa et voilá, em Sampa de novo.
Um mês sem viajar, deu uma comichão, quase uma síndrome de abstinência. Deu vontade de estar em Viena.
Nesse sábado modorrento, lembro que lá tudo estaria fechado, exceto os museus e uns poucos restaurantes. No domingo então, nem pensar. Precisei de uma farmácia e precisei esperar até segunda. A quinta cidade do mundo em qualidade de vida, e a primeira européia, segundo me contaram outro dia, não tem comércio aberto no fim de semana. Será que eles são tão católicos assim ou a globlização avassaladora pulou essa cidade e segui em frente, rumo ao oriente? Comentei isso com a recepcionista do hotel que respondeu com uma pontinha de orgulho: "é, somos os últimos".
Se estivesse lá passaria a tarde no Stadtpark, o parque da cidade , que fica dentro da Ring, ou seja, da Innere Stadt, o centro histórico. É um parque divino, que corta um microcanal no Danúbio, com vegetação maravilhosa, calçada larga e arborizada em todos os lados e alguns lugares para se comer. O café do Steirereck foi uma boa recomendaçào do guia trendy da Wallpaper. Esse guia foi um bom complemento às informações que só mostravam um lado muito imperial de Viena.
O Steirereck (Am Heumarkt 28, mas o melhor mesmo é adentrar o parque e perguntar até achar) é um restaurante maravilhoso, mas quando lá estive não estava vestida para tanto. Assim, de havaianas e vestitdinho, fui ao café. O carro chefe é um prato com oito amostras dos melhores queijos austríacos, muito bons. Uma taça de espumante ou um suco, e um café pra arrematar e pronto: basta a vista do parque e mais nada pode pedir um final de tarde.




Na falta disso, acho que vou colocar uma roupa confortável e caminhar no lindo Parque Buenos Aires. E quem sabe comprar um Aperol pra fazer um Spritzen. Depois eu volto pra falar disso.
Nas imagens, a lua em Sampa, sobre um edifício do Otto Wagner e no Chiado. E o adorável parque.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Viena, vamos por partes. Ou melhor: por Lisboa

É um pouco difícil chegar em Viena. Não existe vôo direto do Brasil: é preciso ir por Paris, Zurique, Lisboa, Frankfurt ou, a melhor opção, Munique. Claro que isso pode ser sempre pretexto para uma agradável escala técnica em uma dessas cidades maravilhosas. Fui por Lisboa.
Meu avião pousou lá bem cedinho, o dia amanhecendo. Nunca vou me perdoar por ter deixado a câmera na mochila, pois o avião entroou voando baixinho na capital portuguesa, de modo que pude acompanhar: Torre de Belem, Jerônimos, Ponte 25 de abril, Baixa Manuelina... a Expo, Ponte Vasco da Gama, pousou, cheguei! Um presente de chegada num domingo de sol.
O desembaraço na imigração em Lisboa é sempre lento, e nesse dia chegaram dois vôos lotados ao mesmo tempo. Paciência, gafanhoto.... mas é sempre bom fazer esse procedimento em português e com funcionários que podem até fazer perguntas bizarras, mas são gentis -- eu me recuso, por exemplo, a entrar na Europa pela Espanha, depois de tantas narrativas de mau tratos no aeroporto de Barajas (de baratas, como diz um amigo que já penou por lá).
Como as malas seguiram direto pro destino final, foi um pipi, um café e um taxi: em minutos eu estava na Expo. Um taxi porque, desinformada, não sabia que a novidade é que agora o metrô de Lisboa vai até o aeroporto, ligando com a linha Oriente. Que maravilha, uma cidade com menos de 1 milhão de habitantes e o transporte nos trinques!
Chegar à Expo ao amanhecer é um presente dos deuses. O Tejo brilhava com o sol baixo, tinha muita gente caminhando, correndo, andando de bicicleta ou simplesmente tomando sol. Foi um lugar perfeito para uma recuperação das dez horas em classe econômica, quando mal dormi e dormi mal.
Um café esperto com um sanduichinho de queijo de cabra, um sumo de maçã enquanto esperava a atração do dia. Quando lá cheguei, surpresa: a fila era das boas. Dorminhoca que sou, sempre imagino que quando madrugo estou só, mas lisboetas e turistas já estavam por lá à espera daquela maravilha.
O Oceanário é lindo. Começamos por tartarugas, divinas, com aquele nado suave, de comover até mesmo uma brasileira que já foi muitas vezes às varias praias com a presença do Projeto Tamar. Esta era a exposição sazonal -- exposição sim, pois aquários, serpentários e zoológicos não deixam de ser museus de ciências.
O aquário propriamente dito é demais: as salas são divididas por espécies e por mares. Depois de muito tubarão, que me fizeram lembrar do meu filho pequeno no aquário de Edimburgo, começamos a ver as espécies dos diversos oceanos, um festival de cores e silêncio que dá vontade de nunca mais sair de lá. Sim, silêncio: eu pensava que se acreditasse em vidas passadas e futuras, desejaria voltar como peixe, pra passar a vida nadando em lindas coreografias, e desfrutando do silêncio.










Passei a manhã toda por lá e voltei ao aeroporto feliz, refeita. Pena que o vôo pra Viena atrasou: se soubesse disso antes, teria passeado mais pela Expo, arriscado um pouco.
De qualquer modo, um vôo breve, dessa vez com muito sono, e anoiteci em Viena.
Como sempre escrevo citando Lou: what a perfect day.
Nas imagens, o lindo amanhecer na Expo, com destaque para o pavilhão do arquiteto Alvaro Siza Vieira, a ponte Vasco da Gama e, claro, o aquário e suas criaturas.

sábado, 4 de agosto de 2012

Viena

Sonhei em ir pra Londres minha adolescência inteira, por causa do rock, claro. Mais tarde, passei a sonhar com Paris por vários motivos, com Nova York por fome de cosmopolistimo, como o oriente por curiosidade. Hoje sonho com a África e com lugares recônditos da América Central.
Nunca cheguei a sonhar com Viena. Com Praga sim, pois alguns diziam ser mais bonita que Paris, o que me parece quase impossível.
E Viena? Viena foi um sonho intelectual, por causa de um livro que li em 1989. Seu autor, o historiador Carl Schorske fez uma leitura da indissociabilidade de cultura, cidade e política que é muito do que eu penso dessas coisas até hoje. E Viena passou a significar um monte de personagens - Freud, Klimt, Schömberg - e um plano urbanístico conhecido como a Ringstrasse, rua do anel.
E lá fui eu atrás da Ring. E do Danúbio. Freud, Klimt etc. E de música, pois para mim Viena ecoaria a Mahler e Mozart a cada esquina.
Ao chegar, cadê a Ring?


Bom, o que se vê no mapa do final do século XIX ainda está lá. Mas o traçado que é bom, não se percebe. A Ring é uma junção de ruas e quando estamos em uma.. bem.... a outra está lá do outro lado! Exista mais no mapa, nessa quinta fachada que se tornou o googlemaps, mas não para os olhos e pernas de um pedestre. mas tudo o que ele contou sobre os edifícios permanece. Um parlamento estranho, pois quis ser um forum romano, mas é meio sem escala; uma belíssima igreja neogótica e uma prefeitura idem; um teatro elizabetano, uma universidade renascentista. Como eram literais os arquitetos do século XIX: direito é coisa de romano, assim deve ser o parlamento; igreja bombou na Idade Média, logo elas devem ser góticas etc. Nada muito distante do raciocínio da nossa Catedral da Sé, construída entre 1940 e 197o em estilo... gótico, ora.
Mas embora o grosso dessa cidade seja uma obra do século XIX, nem só disso vive Viena.
Nem só de um aspecto que me intrigou/irritou, e que agtribuí a alguns acharem que precisam ter um simbolo para turistas e seus suvenires: o culto à Sissi. Para mim, Sissi e Sissi e Imperatriz eram filmes de Sessão da Tarde na adolescência, aqueles que minhas amigas adoravam e eu fingia que gostava para não ser "do contra" desde a mais genra idade. Mas, jantando com um amigo já de volta, chegamos à conclusão que se trata mais de uma nostalgia do tempo em que a Áustria esteve no centro, se não do mundo, pelo menos da Europa Central.
Pois é.
Hoje Viena não é centro de nada e as consequências disso são simplesmente adoráveis. O tempo todo eu senti uma cidade boa para se viver, boa para quem ali vive e que, mientrastanto, recebe turistas e os trata bem. O comércio fecha no domingo, aliás já está fechado no sábado depois do almoço e depois das 19 horas nos dias de semana. Perguntei a uma vendedora de loja se era assim mesmo e ela disse com altivez: somos dos últimos! Certíssimos... nada de cidade que não dorme por conta de quem chega pra visitar, é tudo no ritmo local.
Abaixo, o parque da cidade, Stadtpark, cuja rua, Parkring, é parte da Ring. A cidade é um bocado verde.


O transporte é bom, embora eu tenha achado o metrô um pouco mal sinalizado. Mas é o mais limpo que já vi, de longe, vazio, preciso, pontual e tem até uma revistinha de bordo. Melhor do que andar de avião em certas companhias, tá? E deu até pra andar de ônibus em um dia em que fui visitar um bairro distante. Tudo funciona.
E a vida cultural é de parear com as tais grandes cidades. Museus e mais museus, de tudo e bem montados. Museografia esperta sempre. Arquitetura respeitada sempre.
Nossa, já estou com vontade de voltar.
Só senti um inesperado silêncio: por conta do festival de Salzburgo, a Orquestra Filarmônica de Viena não estava na cidade. E eu que sonhei em ouvi-la de perto, terei de voltar.
Volto depois. Essa primeira impressão é só o começo.

Acima, a entrada de um hostel onde fiquei. Depois volto pra falar de hospedagem, preços etc.

domingo, 1 de julho de 2012

Rio de Janeiro, patrimônio mundial

Quando criança, minha mãe costumava dizer que o Rio era a cidade mais bonita do mundo. Ela conheceu bem poucas, falava isso porque era um chavão.
Mas é. Se não a mais bonita, pois tem muita besteira arquitetônica, aquela em que a paisagem natural e a ocupação desenharam contornos inimagináveis. Enquanto cidade contruída, há, a meu ver, outras muito melhores. Barcelona, para ficarmos num exemplo com mar e porto, tem um planejamento e uma arquitetura que valem a visita.




 Mas paisagem - e paisagem cultural - é outra coisa. É a relação entre natureza e cultura, entre o que o homem, na longa duração, encontrou ali e o que fez. Nesse sentido: o mar, as pedras, as casas, ruas, parques, praias, gente, festas, ocupação etc., não há mesmo cidade como o Rio e talvez minha mãe estivesse certa.



E a UNESCO entendeu isso ao dar ao Rio de Janeiro a nominação de Patrimônio da Humanidade, na categoria paisagem cultural.
E que os governos agora cuidem direito disso tudo.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Loja mais do que legal em Portugal

Quase julho, a um passo das fáerias, a cabeça cansada, listando pendências. Próxima semana intensa... e eu só penso em viajar.
Belem ainda está nas narinas, ouvidos e na retina, e de repente meus sentidos se voltam pra Lisboa. Uma manhã em Lisboa, será que vai dar tempo pra fazer algo além de visitar o aquário? E será um domigo, o que estará fechado? Na volta um programa só: jantar com amigos, dormir o sono dos justos e pegar o vôo diurno do dia seguinte.
Mas, por que tanto desassossego?
Porque lembrei de uma loja que tem no Chiado: A Vida Portuguesa. Descobri que tem no Porto também.
Lendo o blog da loja, descobri que para muitos tem uma pegada meio Salazarista, Portugal de outrora... nem pensar, eu sou paga-pau da Revolução dos Cravos! E sei, claro, que nostalgia é uma invenção, passado idealizado, mas lendo o blog da loja, eis que vejo a dona da loja afirmando que podemos contar a história de Portugal pelo consumo! Claro que concordo....

 

Dá pra ficar horas olhando as prateleiras. Sabonetes do tempo dá avó portuguesa que nunca tive, denfrício (sou viciada em comprar pastas de dente estranhas), cadernos escolares, louça e com isso quero dizer andorinhas de louça igual havia na casa da minha infância. Claro que comprei uma, claro que devia ter comprado várias!  E as latas de sardinha? A indústria conserveira portuguesa já foi das mais fortes... E a água de colônia?


Fora que fica no coração do Chiado.



Será que consigo voltar lá?
Minha cabeça cansada se divide: um lado pensa e dar um jeito de voltar à loja; o outro pensa em fazer algo igual no Brasil. Como se eu tivesse tempo, dinheiro e já não trabalhasse por três.
Preciso mesmo de férias. Mas já me vejo viajando Brasil afora atrás de manufaturas antigas, pesquisando anúncios em revistas antigas.... de fato, estou a precisar de férias.
Em tempo: em Lisboa, no Chiado, reserve horas para um pouco da vida portuguesa sob a forma de biscoitos, sabonetes e, claro, andorinhas.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Belém

Quando eu era adolê, surgiu uma cantora de voz doce com uma música na trilha da novela Gabriela (ainda não vi o remake, impliquei). Depois, uma canção da mesma Fafá falava em "Belém do tucupi, Belém do tacacá, Belém do açaí, Belém do Grão Pará". E, por décadas foi tudo que eu soube dessa cidade, ignorância brava.
Há poucos anos fiz um "bate-pronto" em Belém e adorei, estava louca pra voltar. Voltei e gostei ainda mais.


Belém é norte, nada a ver com as capitais -- umas maravilhosas, outras meio médias -- do nordeste brasileiro. É uma cidade com rio, é Amazônia, é outro Brasil. Outras frutas, outros peixes, uma chuva que molha todos os dias, mangueiras, arquitetura belle-époque, pessoas com traços de todas as mestiçagens possíveis. Belém dá pro rio que dá pro oceano, mas ela não olha pro leste, olha pro norte. Está quase nas Guianas. Uma maravilha.
Claro que em dois dias, embora com ótimos cicerones, pude ver o básico. Pra quem gosta de arquitetura de ferro como eu, é uma perdição. Um mercado de carnes, batizado de mercado Bologna por conta de um eminente engenheiro, é um patrimônio imperdível, especialmente porque a população o usa para comprar carne. É um grande açougue (penso que meus amigos vegetarianos começam a passar mal). Em frente, umas barracas onde funcionam a versão atual do famoso Ver-o-peso e o próprio, em reforma, uma muvuca de fazer gosto. Alguns turistas e um ponto turístico, mas não é o Mercado Modelo de Salvador, tampouco o Mercadão de São Paulo, que são bonitos e interessantes, mas algo para ingês ver. Como não sou inglesa nem nada, adorei os meercados de Belém. São comércio mesmo, troca, bagunça, e do lado temos barcos entregando peixes, urubus esperando oportunamente seus restos, tudo isso no centro da cidade, com os ônibus passando a toda...


E as Igrejas? São de interessar até uma atéia militante. A de Santo Alexandre, onde funciona o Museu de Arte Sacra, é imperdível pela própria edificação e pelo acervo. E de modo geral,  patrimônio arquitetônico ainda está lá, senão impecável como muitos desejariam, mas em uso, inscrito no cotidiano da cidade.
Infelizmente cheguei pouco antes da festa do Círio de Nazaré, mas ela já se fazia anunciar por toda a parte. E tem uma Sé maravilhosa e uma igreja matriz, que Mario de Andrade ao conhecer detestou.
Mas ele se apaixonou pela cidade com um amor carnal, sexual, físico, como escreveu em tom confessional ao seu amigo Manuel Bandeira.
Com tantos cheiros, volumes, cores e sabores, só faltava mesmo alguém imaginar que Belém se ama ou odeia de modo casto ou espiritual. Mario sabia das coisas.
O melhor: parece longe, mas nos vôos diretos TAM (com comida ruim) ou Gol (sem comida), a partir de São Paulo, em quatro horas e pouco se desembarca por lá. Muto pouco para tudo que a cidade oferece.


quinta-feira, 14 de junho de 2012

Tenha dó....

Eu achei que era pegadinha. Um vôo São Paulo - Belém que cai na hora do jantar. E o serviço de borde entrega duas bolachas salgadas, um polenguinho e um bolinho empacotado? Tudo frio! E a TAM quer que os passageiros relatem momentos felizes a bordo? Ora, faça-me o favor.
Na capa da revista, o lindo do Alex Atala. E eu comendo bolinho ruim, pensando na galinhada.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Com que guia eu vou?

Falta um mês para eu me jogar em Klimt, Schiele, em Mahler, Secessão, Otto Wagner e nos muitos detalhes da Ringstrasse. E tenho uma irmã que que mata se eu não for à casa do Freud; claro que vou correndo, por mim e por ela!
De certo modo, o melhor guia de Viena eu já li, que é o livro imperdível do Carl Schorske, Viena fin-de-siècle.
Mas faz falta um guia prático. Lembro de um, empréstimo da mesma irmã, Flemish cities discovered (acho que era esse o nome) que tornou minha breve passagem em Antuérpia algo inesquecível.
Agora quero um guia pra Viena.
Só que guias são chatos, pesam muito e eu, apple freak, ainda não me rendi aos encantos de um Ipad. Imprimi então, umas poucas páginas em pdf do The Lonely Planet. É muito legal, eles vendem os capítulos separadamente. Eu usei em Hanoi: imprimi, dobrei, guardei na bolsa e joguei fora na hora de ir embora.
Mas o melhor mesmo eu fiz em Londres. Comprei uma agenda Moleskine da série para viajantes. Vinha com uma mapinha da cidade e um guia de ruas, tudo daquele tamanho ótimo da agenda pequena deles. Aí eu localizava na internet os restaurantes, galerias, lojas etc, assim como os detalhes do transporte e andava só com aquilo no bolso do casaco. Melhor do que qualquer guia.
E ainda guardei para tuturas idas ao Reino Unido.
Acho que vai ser o mesmo com Viena: Moleskine na cabeça e tenho um mês para, viajando na viagem, começar a anotar o que ver e onde fica, a estudar o mapinha, metrô e ônibus. E se eu encontrar, mesmo desconfiando que pode ser muito fashion e fútil, compro também o guia mini da Walpaper.


E Viena que me aguarde.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Manhã lisboeta

Viagem na alta estação com programação um tanto tardia. Resultado: passagem caríssima e poucos horários. Bônus: chegarei em Lisboa num domingão cedinho, pra sair de novo às 14:40.
Se a imigração não estiver um inferno (o que é comum em Lisboa, filas enormes, serviço lento), vai dar pra aproveitar manhã.
Não fosse a distância, o ideal seria um pastel de Belem em Belem, olhando o Tejo.
Melhor aproveitar a proximidade e passear no Oceanário, que não conheço.
Depois de uma manhã com os peixinhos acho que chegarei feliz ao destino.
Viena que me aguarde, os planos são muito bons.

 

domingo, 6 de maio de 2012

Onde eu queria estar hoje

Morei alguns meses na França, há alguns anos atrás. Paris é o cão, né, vicia mesmo. E domingo era dia de passear no Marais.
De volta, muitas vezes diante de um domingo modorrento, a graça aqui em casa era lamentar a impossibilidade de um teletransporte pro Marais: um falafel, uma batida de perna, sentar à toa na Place des Voges, passar pelo Museu Picasso etc. Voltar pra casa, vida normal.
Hoje eu queria muito esse teletransporte. Não porque este domigo, em plena Virada Cultural, esteja tedioso. Mas porque hoje a caminhada pelo Marais poderia se estender até a Bastilha, onde certamente é dia de festa. E também pela experiência, rara, de olhar nos olhos dos anônimos identificando neles uma alegria cidadã.
Está linda a capa do Libé: Le jour de gauche est arrivé!
Félicitations, Hollande!




sábado, 28 de abril de 2012

A hora do pesadelo

Um convite muito bacana para uma aula-palestra em Goiânia. Texto pronto, passagem na mão, fui de carro até o aeroporto de Congonhas. Vôo ótimo, rápido, motorista me esperando e hotel bacana. Ao acordar, a aula foi deliciosa, platéia engajada e receptiva. Voltei pro hotel, trabalhei um pouco no computador, dei uma dormidinha... outro motorista me levou até o aeroporto, até bem cedo para um vôo que partiria pouco antes das 20 horas. Tudo perfeito, certo?
Médio. O aeroporto de Goiânia é indigno de uma cidade linda e planejada. A fila da Casa do Pão de Queijo se confunde com a fila do embarque - que é longa e lenta. A Laselva só vende livros -- livros de aerporto, claro, Chalitas e Padres Marcelo da vida -- e embora, como eu coloquei no post anterior, internet gratuita seja uma determinação da Infraero, lá não tem. Pior: ninguém nunca ouviu falar.
Sem internet, sem uma mísera revista, lá fui eu pra sala de embarque. Comecei a ouvir o zunzum... Congonhas fechado. Pânico: eu sei que este aeroporto fecha às 23 horas e comecei a fazer as contas. E nada de nos chamarem. Os que tinham internet 3G começaram a acompanhar o abre-e-fecha de Congonhas por seus Iphone e Ipads. Embarcamos por volta de 21:30. Salvos, foi o que pensei, até o piloto dizer que o tráfego era tamanho que ficaríamos sobrevoando a baixada santista até segunda ordem. Claro que aí deu 23 horas e fomos proibidos de descer em Congonhas.
Caraca, meu carro no estacionamento - era tudo em que eu conseguia pensar. Mal sabia...
Já era quase meia noite quando soubemos que desceríamos em... Viracopos! Aiai, uma hora de ônibus para Sampa, pensava esta incauta que aqui escreve, tolinha. O avião pousou na área de carga do aeroporto e não tinha aquele ônibus da Infraero para vir nos buscar. Quase uma hora sentada no avião. Um funcionário pediu paciência, pois éramos (sic) 3 mil pessoas na mesma situação. Os passageiros, desesperados, começaram a ligar para famílias e afins. E continuávamos sentados até que.... veio um funcionário dizer que (sic) a TAM não tinha condições de nos transportar até Congonhas, que voltássemos (sic) por nossos próprios meios!!!!
Quando finalmente o ônibus da Infraero chegou, já era quase uma da manhã. Todos com fome e frio, claro. Alguns desesperados. O cansaço escrito nos rostos.
Corri pro guichê da Caprioli, empresa de ônibus local que estava, claro, fechada. Poucos taxis. Campinas é conhecida por seu péssimo transporte público e sua carência de taxis. Os passageiros chamavam os pontos e ninguém atendia. Já do lado de fora, soube que a TAM estava distribuindo vouchers para os taxistas nos levarem até Congonhas, mas: 1. a fila era enorme; 2. os poucos taxistas se recusavam a trabalahr com o tal voucher, preferindo negociar - em outras palavras, muitos se aproveitaram do desespero geral.
Como conheço a cidade e gente na cidade sei bem que, para completar, a rede hoteleira por ali é pífia. Liguei para uma amiga que, adorável, foi me resgatar e no dia seguinte me levou - sã, salva e alimentada - até a rodoviária. Depois de chegar em casa, tive de voltar ao aeroporto de Congonhas para resgatar meu pobre carrinho.
E aí, processo ou não? Por onde começar a brigar?
O mau tempo não é culpa de ninguém. mas se a companhia sabia que era um dia atípico, por que não providenciou assistência em Viracopos? Era o mínimo. Houve tempo hábil para isso.
O mais curioso, nas conversas do avião, era a preocupação de todos com a copa. Sorry, estou me lixando. Nossa presidenta já devia, a meu ver, ter mandado esta idéia às favas faz tempo. Quero mais é alugar minha morada eu euro e me mandar pra qualquer lugar.
Eu quero um aeroporto funcionado para mim e para cada passageiro, e que não abandone a mim e aos outros usuários numa cidade estranha, em um aeroporto no meio do nada, em plena madrugada.

Na imagem, o Inferno do pintor Hieronymus Bosch. Uma beleza do século XV.


sexta-feira, 6 de abril de 2012

Boa nova: internet nos aeroportos

Saiu na Folha de São Paulo de hoje, 6 de abril. Uma boa notícia para as pobres almas que muitas vezes precisam esperar vôos e coenxões no inóspitos aeroportos. Podia vir junto com cafés e comidinhas a preços decentes:

Wi-fi grátis e ilimitado começa em Cumbica e outros oito aeroportos
Passageiros poderão utilizar o serviço na área de embarque DE SÃO PAULO
Desde a tarde de ontem, passageiros podem acessar a internet de modo gratuito e ilimitado em sete dos maiores aeroportos brasileiros.
O acesso, sem fio, foi liberado nas áreas de embarque dos aeroportos de Cumbica (Guarulhos), Congonhas, Galeão, Santos Dumont, Recife, Fortaleza e Pampulha (MG).
E a partir de hoje, deve começar também nos aeroportos de Brasília e Porto Alegre.
O serviço é oferecido pela Infraero (estatal responsável pelos aeroportos), que fez um acordo com três operadoras: em troca de publicidade, elas não cobram pela internet.
Inicialmente, apenas a rede da TIM estará disponível.
Para usar o serviço, o passageiro será orientado a fazer um cadastro ao abrir o navegador. Depois, terá de inserir o número do cartão de embarque para validar o acesso.
Nos principais aeroportos do mundo, o mais comum é o acesso à internet ser cobrado. No Brasil, esse modelo tinha pouca demanda e não era atrativo para as empresas fornecedoras, diz Gustavo Vale, presidente da Infraero; daí a ideia de propor gratuidade.
A estatal disse que a fase experimental vai durar sete dias. Em Cumbica, 500 passageiros poderão acessar a internet simultaneamente; em Congonhas, 600, diz a TIM.
Nos dois casos, a oferta é inferior à demanda: em Cumbica passam cerca de 1.700 passageiros nas áreas de embarque por hora; em Congonhas, 1.300.
Com a entrada das outras duas empresas participantes (Linktel e Net), o número irá se expandir, avalia a Infraero, mas não está definido quando isso ocorrerá. A ideia é levar a internet gratuita ilimitada a 100% dos passageiros, afirma Vale.
Outros aeroportos receberão o serviço ainda neste mês.
(RICARDO GALLO)

sábado, 10 de março de 2012

Floripa

Uma passada rápida por Floripa.
A Avianca atrasou pela primeira vez comigo a bordo. Vamos continuar acompanhando. De resto um vôo ótimo, com um porém: o delicioso wrap servido nas minhas últimas viagens foi substituído por um lanchinho sem-vergonha, de pão pesado, massudo. Pena.
E Florianópolis, o que dizer depois de poucas horas?
Que mesmo assim, eu olhava a cidade e achava perfeitamente "morável". E não é sempre que tenho esse sentimento em nossas capitais (tirando o Rio, claro).




quinta-feira, 8 de março de 2012

O que vem invisível na mala

Nos meus idos tempos de faculdade, eu vivia no Lira Paulistana, em shows do Grupo Rumo. Dentre várias, adorava uma canção chamada "Cansaço", que tinha um verso que era assim:

"Espantou a esperança que eu trouxe
Da última viagem
E ela foi embora. "

E na época eu ainda não sabia o que era cansaço...
Mas esse post não é cansado não. É que embora eu tenha chegado de Londres exausta, por conta da viagem em classe econômica (juro que a cada viagem sinto que a TAM encolhe o espaço entre as poltronas, pois eu já passei da idade do crescimento), cheguei animada e esperançosa.
As viagens têm esse efeito sobre mim. É como se eu desse um "reiniciar" na máquina.
Junto com uns creminhos e que tais, foi o que de melhor veio na mala: voltei cheia de vontade. Ânimo, pique, desejo.
Espero que dure, mas se não durar, me mando de novo.


Na foto, o pátio inteno da October Gallery, espaço mais do que legal em Bloomsbury, perto do British Museum, em Londres.

sábado, 3 de março de 2012

Bicicletas

Lembro que minha irmã morou um tempo fora e quando voltou implicava com tudo em São Paulo. Como família não perdoa mesmo, logo a apelidamos de Odete Roitman, por conta da personagem impagável que Beatriz Segall interpretou na maravilhosa novela Vale Tudo de 1989 (que eu revi nas madrugadas da TV Viva).
Bom, sempre que viajamos voltamos com alguma comparação que é positiva pro lugar visitado: ai se tivéssemos os museus, as livrarias, os restaurantes, a segurança etc.
Ando tão zangada com alguns aspectos da minha cidade natal, que só penso em transporte. Razão disso: voltei pra São Paulo há quatro anos, depois de morar no interior, e escolhi residir ao lado de uma estação de metrô que estava quase pronta.... meu filho fez uma faculdade inteira e nada da estação avançar. Parece que o governo do estado faz transporte público cavando com uma colherinha, e bem devagar. E pra piorar tem gente que é contra metrô...
Nas raras vezes em que atravesso minha cidade de carro, é uma antevisão do inferno: o que pode ser pior do que um mar de carros, quase todos prateados, brilhando e parados numa grande avenida??
Penso nisso porque estou em Londres e ontem tive uma reunião de trabalho. Como era relativamente perto, fui caminhando. Outro, veio de metrô. O chefe da tribo também veio a pé, e uma colega chegou elegantemente de saia e botas pedalando uma bicicleta que poderia estar no MOMA na seção de design, de tão incrível. Reclamou que os ciclistas londrinos são muito velozes, mas que carros e ônibus respeitam. A bici era tão bonita que todos demos uma voltinha... ninguém resistiu. Fomos andando para um café, ela amarrou sua linda bike num poste e depois seguiu para seus afazeres. De minha parte, fiz o resto do meu dia entre o metrô e minhas pernas que gostam de caminhar.
Chego em casa, ligo o computador e uma ciclista foi atropelada na Avenida Paulista por conta de um ônibus que a fechou.
Uma Odete Roitman às avessas, é como eu me sinto hoje. Não quero viver numa cidade em que pedestre e ciclistas sejam cidadãos de segunda categoria. Quero transporte público bom e pedágio para automóveis.
Utopia? Nem um pouco. Quero o equivalente à imagem acima na Paulista, na Sumaré, na cidade toda.
A foto acima foi tirada em frente ao Museu de História Natural.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Comer em Londres

A reputação da Inglaterra no quesito gastronomia é lamentável. Esperamos tudo - peixe frito embrulhado num jornal, inclusive - menos comida boa. Sempre achei isso paradoxal, pois se vamos às compras encontramos de tudo. Mas o conselho sempre foi: fuja dos restaurantes ingleses, aproveite os "étnicos". Ah, os indianos...
Eu andava curiosa. Afinal, os cozinheiros mais midiáticos são britânicos. De minha parte, sempre que assisto o programa de meia hora do Jamie Oliver, fico louca pra me jogar no fogão. Será que a ilha cinzenta está mudando?
Conheci o Orchard, uma portinha no 11 Sicilian Ave, em Bloomsbury. Jantei lá uma noite: um delicioso mix de três saladas deliciosas. Estranhei um pouco um restaurante com pegada natureba não ter suco fresco, mas devo admitir que os engarrafados que consumo aqui não são néctar Del Valle, são sucos de alta qualidadade. Voltei pro café da manhã e encontrei um delicioso iogurte natural com frutas frescas e secas. Um luxo, com bom café espresso e um pão integral caseiro de chorar de tão bom.
E foi uma descoberta por acaso, passei em frente e fui com a cara da vitrine.
Já o Ottolenghi é outra história. Tudo começou quando ganhei um livro de receitas desse restaurante. Fui à loucura quando comecei a testá-las: uma melhor que a outra, especialmente o uso dos vegetais. Assim, não hesitei em me mandar pra Notting Hill atrás de um bom almoço. Chegando lá, great expectations, atentidas: berigelas com uma textura que nunca experimentei antes (os dois chefs são loucos por aubergines), beterrabas com laranja sanguínea e um atum imperdível. Também ali, paradoxalmente, suco engarrafado, mas como adoro uma redundância pedi também de laranja sanguínea e queria comprar um engradado pra levar pra minha casa no Brasil, de tão bom.
Resultado, comprei outro livro deles, dessa vez dedicado apenas a vegetais. Minhas cobaias que me aguardem....
Só um senão: eles não têm banheiro!!!! Eu pedi pra lavar a mão -- claro, tinha chegado lá de metrô -- e o fiz na pia dos funcionários! Uma pessoa perguntou pelo banheiro e tede de ouvir que havia um público no final da rua. Uai, e a ANVISA de Londres permite isso???
De noite, o jantar foi o oposto da delicadeza dos vegetais e do peixe do almoço. Fui ao St. John Restaurant. Definitivamente, não é pros fracos. Língua de cordeiro, tutano de boi e outras coisinhas de deixar a torta de rins, carro chefe da culinária inglesa parecendo uma delicadeza só. Penei pra encontrar algo que não chocasse meus tabus, e escolhi uma entrada de alcachofras deliciosas e uma vitela que veio à milanesa, maravilhosamente não diet, mas não faz mal.
Hoje, a convite, acabei caindo num francês: Mon Plaisir, que se gaba de ser o french restaurant mais antigo da cidade. Moules de montão, pra belga nenhum botar defeito e um haddock defumado muito bom. Nem deu pra pensar em sobremesa. Meio engraçado as garçonetes fazendo os pedidos em francês, mas tudo perfeito.  Fica no adorável Convent Garden e depois, pra compensar, caminhei até a Tate Britain, uma tarde com um solzinho e era preciso queimar um pouco as calorias.
No caminho, passei defronte um dos restaurantes do Jamie Oliver. Será que encaro amanhã?




Na imagens, o menu e a vitrine do Orchard, a kidney pie que não encarei (mas que meus novo amigos adoraram) e o restaurante italiano do Oliver. Por hoje, vou comprar um suco e me considerar jantada.  

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

London London

É minha quarta vez em Londres. Na primeira gostei, nas outras nem tanto. Na última o frio e a chuva eram de tamanha magnitude, e a libra estava lá em cima, e eu contava os minutos pra voltar pra Paris, que na comparação era quase tropical e baratíssima!
Cheguei ontem e o luxo começou em Heathrow - é a primeira vez que chego por esse longínquo aeroporto. Eu praticamente desci do avião dentro do metrô e em 50 minutos cravados estava em Bloomsbury, onde me hospedo.
Bloomsbury quase em Clerkenwell, o que faz minha fantasia viajar de Virginia Woolf e seus amigos, o grupo de Bloomsbury, para o bairro chic onde morou Cromwell, que foi devastado pela Revolução Industrial e depois se tornou foco de comunistas: até o Lenin morou lá!
Por ali podemos ver aquelas casinhas operárias que apavoravam os sábios do século XIX e a casa onde viveu Dickens. Nada mais adequado: umas ruazinhas que fazem pensar em Oilver Twist e seu autor. Sendo mais útil e menos afeita à divagação: Casa de Dickens: 48 Doughty Street. Alguém no Tripadvisor reclamou das 7 libras, mas eu achei um museu super honesto e, que coisa, os grandes museus ingleses, mais do que subsidiados, são gratuítos!
Continuando um pouco mais bairro adentro, na Saint John St tem um restaurante vietnamita chamado Pho, onde tomei uma tigelona de... Pho, claro, a maravilhosa sopa que os vietnamitas tomam o dia todo, a qualquer hora.
Depois, uma tarde no British Museu, que é imperdível, nem que seja pra pensar no alcance da empreitada colonial. Chorei na primeira vez, quando vi as peças gregas. Hoje já estava vacinada. É uma espécie de belo horror, a beleza e os métodos.
Como nem só de pensamento anticolonialista vive o homem, anoiteci no Convent Garden Market.




Oh, London is lovely so. O verso de Caetano ecoou o dia todo.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

De volta do sol, a caminho do frio

Às vezes esqueço do óbvio. O litoral norte é muito perto de São Paulo. Ok, o Rio de avião é mais perto ainda, mas às vezes queremos uma praia menos urbanizada.
Paúba é o máximo. Pequena, recortada, com a presença da maravilhosa Mata Atlântica.
Duas horas e meia de carro, e pra quem pode se dar ao luxo de viajar no contrafluxo, isso não é nada.
Uma vez um carioca, cujo nome esqueci, disse que São Paulo, como Minas Gerais, não tem praia. Ignorância em estado bruto. O litoral que começa na Barra do Una e termina lá por Picinguada e um colar de pedras, uma mais linda do que a outra.
Perto e fácil. Mas é preciso dizer que a Mogi-Bertioga é mal sinalizada de dar raiva. As placas, quando há, são no lugar errado, com dupla mensagem. Uma pessoa de outro estado, ou um motorista meio bocó deve ficar desesperado. Na ida, ainda vai, é meio que "pra baixo os santos ajudam". Na volta, são quilometros sem uma plaquinha, um posto de gasolina, um raio de informação. Quando sinalizam Rodovia Airton Senna já estamos quase. E tem uma conversão à esquerda que é um perigo duplo: de perder a saída e de cruzar um trecho onde os carros da outra pista descem com tudo.
Eu andava esquecida do quanto sou movida a energia solar. Será que consigo dar conta da promessa de ir mais à praia?
São as reflexões da tarde chuvosa enquanto coloco roupas de inverno na mala que em dois dias seguirá comigo para Londres. Já estive lá algumas vezes, mas algo me diz que dessa vez será demais.
Das tempestades de final de verão pra insuportável chuvinha inglesa: isso que é vida. 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A praia mais perto de São Paulo

Engana-se quem pensa que a resposta é Santos ou Guarujá.
Um amigo sempre me disse que era Copacabana e, em pleno fevereiro antes do carnaval senti que daria minha vida por uma praia rápida. Uma amiga carioca gentilíssima solucionou o impasse com um convite esperto e pronto, o amigo está certo, é logo ali.
Avião pontual da Avianca, que voou baixinho, a ponto de ser posível identificar as praias de São Sebastião e Ubatuba. Depois de uma quinta em que trabalhei um pouco, cheguei no Rio às 17 hs. Praia, e por pouco não viro uma foquinha batendo alma pro pôr do sol em Ipanema.
Dia seguinte: praia. No outro: praia. De tarde, como ninguém é de ferro e minha dermatologista não dá mole, passeios diversos: o centro da cidade com direito a uma cervejinha no final da tarde no MAC de Niterói, a maravilha do Niemeyer; Jardim Botânico com uma exposição no Instituto Moreira Salles, do fotógrafo Manuel Alvarez Bravo, que eu não conhecia. Maravilhosa, de cair o queixo. E o café do instituto é delicioso, embora pelo adiantado da hora eles estivesse quase me expulsando de lá.
E no último dia, um domingão, como meu avião saía muito cedo: praia ao raiar do dia. Praticamente dois dias e meio e quatro praias, isso é que é ser profissa.
Meio dia e meia eu estava de volta a São Paulo, a tempo de fazer a massa dominical pra família. E feliz da vida.
Para quem não tem uma amiga tão fofa assim, eu diria pra fazer o mesmo ficando no Arpoador Inn, meu hotel querido no Rio de Janeiro. De lá dá pra caminhar por Ipanema e Lebrlon até o pé dos Dois Irmãos, e dá pra passear por Copacabana. Sem falar que o café da manhã no Azul Marinho, olhando o Arpoador é pro dia nascer feliz.
Se eu fizesse isso um fim de semana por mês, minha vida seria outra.





E foi esta a trilha mental dos dias que se seguiram: http://www.youtube.com/watch?v=G8bz8uMIlrs