domingo, 16 de setembro de 2012

Espetáculo

Podemos viajar para ver um espetáculo? Eu adoraria. Se se fácil assim fosse, eu teria ido ontem até Lisboa, a mais perfeita das cidades. O espetáculo em questão era um monte de gente nas ruas para a manifestação "que se lixe a Troika".
Impossível não cantarolar Chico Buarque:

Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente.



Há poucos espetáculos mais bonitos do que uma rua cheia de gente demandando o que é justo e de direito.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Hospedagem em Viena

Quando decido viajar, a pergunta a seguir é sempre a mesma: onde dormir. Digo dormir e não me hospedar porque em cidades que mal conheço costumo ficar quase tempo nenhum "em casa". Mas isso pode ser um erro...Ainda bem que, instada por uma amiga, alugamos um apartamento. Tamanho exato, bonitinho sem firulas, confortável e bem localilzado - fora da área turística, mas a walking distance desta. Acabei atendo um probleminha de saúde, e aí foi de sua importância estar bem instalada. Além do óbvio: adoro brincar de casinha em cidades outras. Do pequeno apê eu ia pro mercadinho natureba comprar produtos "bio", pro mercadinho gourmet compar umas bebidinhas, pra tudo que precisava incluindo o indefectível u-bahn, metrô.
Preço? 90 euros por dia e dividimos por três. Melhor relação moleza/benefício impossível.
Mas tive esse apê por uma semana apenas e dali me mudei para o Radisson Blu, em frente ao Stadtpark. As duas janelonas do quarto davam para o verde. Como reservei pelo infalível booking.com, paguei menos do que esperava por um hotel tão confortável. O quarto era enorme, com um banheiro muito bom e um frigobar for free. Ou seja, tinha sempre um suco, água ou cerveja à minha espera depois de um dia de baeção de perna. Dividido por dois: 40 euros per capita.
Ou seja, dentre outras qualidades, Viena, se comparada a outras capitais européias é bem barata. Não como Lisboa, claro, mas é barata para quem vive em Sampa!
Bom, depois de uns dias estava sozinha na cidade e precisei de um novo lugar. Como o Radisson Blu em cima da hora e sem o booking.com era outro preço, lá fui eu em busca de um teto. Pelo mesmo booking encontrei um hostel, a Pension Riedl. Pouco menos de 40 euros por dia, um quarto até bonitinho, com baheiro compartilhado, lá fui eu. Ao chegar, duas surpresas: estava só: ou seja, o banheiro era meu e a ducha era no quarto. Surpresa #2: era em uma pracinha preciosa e em frente ao edifício do correio projetado pelo Otto Wagner. Eu tinha desejo de passar o dia na janela.
Na vizinhança uma lojinha natureba (sou viciada nelas) que servia almoço; o MAK, museu de artes aplicadas e industriais; o Café Prückel, fundado em 1903, muito bom e até mesmo um restaurante asiático onde matei um pouco da minha saudade gastronômica do Vietnã.
Assim, com uma média de 35 euros por dia, pude ficar 14 dias em uma capital européia. Pas mal. A partir disso, descobri que mesmo os hotéis estrelados são viáveis se agendados com um pouco de antecedência pelo booking.com.
Viena que me aguarde. Sei que ainda vou voltar.
Nas imagens abaixo, o correio e a entrada da Pension Riedl. Sinto que o Schorske me enganou quanto à Ring, mas ele bem descreveu o que era a entrada de um prédio burguês do fin-de-siècle.



domingo, 9 de setembro de 2012

A casa do homem

Tenho uma irmã piscanalista e outra simpatizante. Mesmo não tendo frequentado divãs, o pensamento do freud é uma referência na vida. Talvez  a crença que restou para uma descrente.
Bem antes do meu embarque pra Viena já fui indagada se iria até a Bergasse. Berg o que, não tinha ainda me ligado nesse assunto. Mas é claro que era um dos programas imperdíveis, ainda mais depois de ter desgostado do filme do Cronemberg sobre Freud e Jung. Já conhecia a casa em Hampstead, Londres, e esta me esperava.
Na minha primeira tentativa atrasei tanto que ao chegar a casa estava fechando. O que Dr. Freud diria de quem se atrasou para o primeiro encontro? Muito, suponho. Mas depois de olhar tantas pinturas do Gustav Klimt era impossível não me render àquele clima de quando se discutia artes (no plural), política e sexualidade tudo num pacote só. Impossível não pensar em Freud ao olhar as frisas de Beethoven no edifício da Secessão. Assim sendo, voltei, desta feita com tempo.
É uma casa em um bairro aparazível perto do centro, de um braço do Danúbio e da universidade. Em meio a tantos predinhos baixos lá estava a casa do homem.
Adoro casas-museu. Algumas são muito fetichistas, capazes de guardar até papel de bala, mas esta não. É um templo para os estudiosos da piscanálise. Nem sei o que era mais interessante; os objetos e móveis ou os observadores. Alguns anotavam tudo, letra a letra. Para quem conhece bem deve ser um achado. A escrivaninha, o divã - claro! - as coleções de imageria africana.... as cartas, os escritos, os livros. Fotos e mais fotos. Só não pirei porque não leio bem em alemão, então fiz uma visita relativamente rápida, movida a curiosidade e admiração, mas não necessariamente a uma possibilidade de reflexão mais profunda. Contudo, em alguns momentos tinha a impressão de que estava diante da face pública do criador da psicanálise e em outros, de seus segredos, de seu inconsciente. Será que ele um dia imaginou seus objetos expostos? O que o encantou/instigou em cada um deles? Por que um certo afã colecionador? O que papéis e quinquilharia permitem ver?
Ao final, para deleite dos ignorantes, um filminho narrado por Anna Freud. Uma ode de admiração da filha ao pai, da psicanalista ao fundador.
Saí de lá e Viena me esperava com um sol luminoso. Sentei pra tomar um suco numa portinha qualquer, pensando que tinha feito uma breve visita a um cara que, valente e bizarro, desnaturalizou um tanto a nossa vida, nossos temores e impasses. Sempre penso que devemos uma a alguns personagens. Freud sem dúvida é um deles. O Aperol Spritzen daquele fim de tarde foi dedicado a ele.











sábado, 8 de setembro de 2012

Síndrome de abstinência e saudade de Viena

Foi preciso contemplar uma blue moon (a segunda lua cheia no mesmo mês) pra ficha cair: vi a lua cheia em Viena, em Lisboa, em Sampa et voilá, em Sampa de novo.
Um mês sem viajar, deu uma comichão, quase uma síndrome de abstinência. Deu vontade de estar em Viena.
Nesse sábado modorrento, lembro que lá tudo estaria fechado, exceto os museus e uns poucos restaurantes. No domingo então, nem pensar. Precisei de uma farmácia e precisei esperar até segunda. A quinta cidade do mundo em qualidade de vida, e a primeira européia, segundo me contaram outro dia, não tem comércio aberto no fim de semana. Será que eles são tão católicos assim ou a globlização avassaladora pulou essa cidade e segui em frente, rumo ao oriente? Comentei isso com a recepcionista do hotel que respondeu com uma pontinha de orgulho: "é, somos os últimos".
Se estivesse lá passaria a tarde no Stadtpark, o parque da cidade , que fica dentro da Ring, ou seja, da Innere Stadt, o centro histórico. É um parque divino, que corta um microcanal no Danúbio, com vegetação maravilhosa, calçada larga e arborizada em todos os lados e alguns lugares para se comer. O café do Steirereck foi uma boa recomendaçào do guia trendy da Wallpaper. Esse guia foi um bom complemento às informações que só mostravam um lado muito imperial de Viena.
O Steirereck (Am Heumarkt 28, mas o melhor mesmo é adentrar o parque e perguntar até achar) é um restaurante maravilhoso, mas quando lá estive não estava vestida para tanto. Assim, de havaianas e vestitdinho, fui ao café. O carro chefe é um prato com oito amostras dos melhores queijos austríacos, muito bons. Uma taça de espumante ou um suco, e um café pra arrematar e pronto: basta a vista do parque e mais nada pode pedir um final de tarde.




Na falta disso, acho que vou colocar uma roupa confortável e caminhar no lindo Parque Buenos Aires. E quem sabe comprar um Aperol pra fazer um Spritzen. Depois eu volto pra falar disso.
Nas imagens, a lua em Sampa, sobre um edifício do Otto Wagner e no Chiado. E o adorável parque.