terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

London London

É minha quarta vez em Londres. Na primeira gostei, nas outras nem tanto. Na última o frio e a chuva eram de tamanha magnitude, e a libra estava lá em cima, e eu contava os minutos pra voltar pra Paris, que na comparação era quase tropical e baratíssima!
Cheguei ontem e o luxo começou em Heathrow - é a primeira vez que chego por esse longínquo aeroporto. Eu praticamente desci do avião dentro do metrô e em 50 minutos cravados estava em Bloomsbury, onde me hospedo.
Bloomsbury quase em Clerkenwell, o que faz minha fantasia viajar de Virginia Woolf e seus amigos, o grupo de Bloomsbury, para o bairro chic onde morou Cromwell, que foi devastado pela Revolução Industrial e depois se tornou foco de comunistas: até o Lenin morou lá!
Por ali podemos ver aquelas casinhas operárias que apavoravam os sábios do século XIX e a casa onde viveu Dickens. Nada mais adequado: umas ruazinhas que fazem pensar em Oilver Twist e seu autor. Sendo mais útil e menos afeita à divagação: Casa de Dickens: 48 Doughty Street. Alguém no Tripadvisor reclamou das 7 libras, mas eu achei um museu super honesto e, que coisa, os grandes museus ingleses, mais do que subsidiados, são gratuítos!
Continuando um pouco mais bairro adentro, na Saint John St tem um restaurante vietnamita chamado Pho, onde tomei uma tigelona de... Pho, claro, a maravilhosa sopa que os vietnamitas tomam o dia todo, a qualquer hora.
Depois, uma tarde no British Museu, que é imperdível, nem que seja pra pensar no alcance da empreitada colonial. Chorei na primeira vez, quando vi as peças gregas. Hoje já estava vacinada. É uma espécie de belo horror, a beleza e os métodos.
Como nem só de pensamento anticolonialista vive o homem, anoiteci no Convent Garden Market.




Oh, London is lovely so. O verso de Caetano ecoou o dia todo.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

De volta do sol, a caminho do frio

Às vezes esqueço do óbvio. O litoral norte é muito perto de São Paulo. Ok, o Rio de avião é mais perto ainda, mas às vezes queremos uma praia menos urbanizada.
Paúba é o máximo. Pequena, recortada, com a presença da maravilhosa Mata Atlântica.
Duas horas e meia de carro, e pra quem pode se dar ao luxo de viajar no contrafluxo, isso não é nada.
Uma vez um carioca, cujo nome esqueci, disse que São Paulo, como Minas Gerais, não tem praia. Ignorância em estado bruto. O litoral que começa na Barra do Una e termina lá por Picinguada e um colar de pedras, uma mais linda do que a outra.
Perto e fácil. Mas é preciso dizer que a Mogi-Bertioga é mal sinalizada de dar raiva. As placas, quando há, são no lugar errado, com dupla mensagem. Uma pessoa de outro estado, ou um motorista meio bocó deve ficar desesperado. Na ida, ainda vai, é meio que "pra baixo os santos ajudam". Na volta, são quilometros sem uma plaquinha, um posto de gasolina, um raio de informação. Quando sinalizam Rodovia Airton Senna já estamos quase. E tem uma conversão à esquerda que é um perigo duplo: de perder a saída e de cruzar um trecho onde os carros da outra pista descem com tudo.
Eu andava esquecida do quanto sou movida a energia solar. Será que consigo dar conta da promessa de ir mais à praia?
São as reflexões da tarde chuvosa enquanto coloco roupas de inverno na mala que em dois dias seguirá comigo para Londres. Já estive lá algumas vezes, mas algo me diz que dessa vez será demais.
Das tempestades de final de verão pra insuportável chuvinha inglesa: isso que é vida. 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A praia mais perto de São Paulo

Engana-se quem pensa que a resposta é Santos ou Guarujá.
Um amigo sempre me disse que era Copacabana e, em pleno fevereiro antes do carnaval senti que daria minha vida por uma praia rápida. Uma amiga carioca gentilíssima solucionou o impasse com um convite esperto e pronto, o amigo está certo, é logo ali.
Avião pontual da Avianca, que voou baixinho, a ponto de ser posível identificar as praias de São Sebastião e Ubatuba. Depois de uma quinta em que trabalhei um pouco, cheguei no Rio às 17 hs. Praia, e por pouco não viro uma foquinha batendo alma pro pôr do sol em Ipanema.
Dia seguinte: praia. No outro: praia. De tarde, como ninguém é de ferro e minha dermatologista não dá mole, passeios diversos: o centro da cidade com direito a uma cervejinha no final da tarde no MAC de Niterói, a maravilha do Niemeyer; Jardim Botânico com uma exposição no Instituto Moreira Salles, do fotógrafo Manuel Alvarez Bravo, que eu não conhecia. Maravilhosa, de cair o queixo. E o café do instituto é delicioso, embora pelo adiantado da hora eles estivesse quase me expulsando de lá.
E no último dia, um domingão, como meu avião saía muito cedo: praia ao raiar do dia. Praticamente dois dias e meio e quatro praias, isso é que é ser profissa.
Meio dia e meia eu estava de volta a São Paulo, a tempo de fazer a massa dominical pra família. E feliz da vida.
Para quem não tem uma amiga tão fofa assim, eu diria pra fazer o mesmo ficando no Arpoador Inn, meu hotel querido no Rio de Janeiro. De lá dá pra caminhar por Ipanema e Lebrlon até o pé dos Dois Irmãos, e dá pra passear por Copacabana. Sem falar que o café da manhã no Azul Marinho, olhando o Arpoador é pro dia nascer feliz.
Se eu fizesse isso um fim de semana por mês, minha vida seria outra.





E foi esta a trilha mental dos dias que se seguiram: http://www.youtube.com/watch?v=G8bz8uMIlrs



quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Turismo ao acaso na própria cidade

Minha mania de viajar já virou piada. Nesse finds uma amiga pontificou que nem falo mais no assunto porque tudo já virou corriqueiro. Não é isso, é que falo em um blog que quase ninguém lê ;-)
E hoje no jantar quando disse ao meu filho pela vigésima vez que viajarei em dez dias, ele retrucou: - "Mas não é em julho?" Quando eu disse que em julho também, ele ficou invocado: "Ah, você viaja tanto que nem me conta mais".
Isso já está virando lenda urbana. Cheguei no Chile faz um mês e dei só uma escapadinha pra um finds no Rio. Depois que eu conseguir baixar as fotos, quero comentar essa maravilha. Mas hoje passeei pelo centro de São Paulo, coisa que devia fazer mais vezes.
Roteiro simples. Precisava renovar minha carteira de motorista. Como sou enrolada, só consegui chegar no Poupatempo da Praça da Sé ao meio dia, pra agendar um exame médico para as 17 hs. Pensei em voltar pra casa, mas e o medo de bater uma preguiça daquelas? Fui bater perna no centro.
Eu tinha esquecido como os prédios comerciais a rua XV de novembro são lindos. Almocei num quilo qualquer e corri pro Centro Cultural Banco do Brasil, pra acontecer o mesmo que no Rio: eles estão montando uma exposição, mas no momento não havia nada. Malditas férias. Tomei um café e li umas vinte páginas de um livro. Ninguém me importunou, um café e uma água, e eu lá quieta, lendo, no centrão.
Para não abusar da hospitalidade, voltei a flanar. Entrei no Patio do Colégio e, num banco ladeado pela famosa parede de taipa li mais uma hora. Os garçons do café apenas sorriam. Uma maravilha. Um lugar sombreado e lindo. Fiquei o resto da tarde ali, e nem precisei pedir mais café. Um silêncio entrecortado por gente fechando negócios, famílias jogando conversa fora, e pelo clic das câmeras digitais de uns jovens.
A única falha do meu passeio involuntário foi não ter levado minha câmera.
E que ninguém se queixe que Sampa é uma cidade cheia e bagunçada. Tem muito cantinho sossegado.
Voltei pra casa feliz e legalizada junto ao Detran. E com a leitura em dia.
Mas que ninguém se engane: a edificação é uma cópia da original, que foi demolida no final do XIX. A reconstrução fez parte das comemorações do IV Centenário de São Paulo. Do conjunto original, só o pedaço de taipa envidraçado.

O conjunto pertence à Companhia de Jesus e é lugar de missas, casamentos e outras celebrações religiosas. Vai ver por isso essa ateia que vos escreve foi tão bem acolhida.