quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Terceiro dia no Rio com alunos

O terceiro dia precisava ser um dia útil, pois queríamos visitar um edifício público. Bom, se eles queriam eu não sei, mas foi o que coloquei no roteiro, com bons motivos. O antigo MESP, atual Palácio Capanema é o modernimso exposto de carteirinha. Ao chegar lá, decepção: o Ministério da Cultura tinha feito uma troca de feriados e o prédio estava fechado. Assim, pudemos ver a implantação, a relação com o entorno, os azuloejos de Portinari, vidros e brises, mas nada dos painéis internos, mobiliário, cobertura.
Como nada é tão perfeito assim, tudo estava fechado no centro do Rio, menos o Amarelinho, que tem boa comida, bons preços e atendimento de garçom velho carioca - es decir, o cara te ignora!
E nenhum lugar aberto para um bom café espresso.
Nada como o Largo no Machado, onde tem uma indefectível Casa do Pão de Queijo, e dali pro Parque Guinle.
O Parque Guinle é meu endereço sonho de consumo. Se algum dia eu tiver os meios, mudo pra lá na hora. Construído entre 1948 e 1954 é um pedaço de paraíso citadino ao lado da boa muvuca carioca.



Até Gilberto Freyre gostou. Em Novo Mundo nos Trópicos, rasgou elogios. Aquela arquitetura residencial, de varandão, do feliz casamento da tradição, do funcionalismo e do regionalismo: sim, era para ele o novo mundo ao sul do Equador.
Ali, sem nenhum alarde a classe média alta de Laranjeiras parece viver feliz, em um condomínio que não é fechado, com uma praça que o bairro pode usar - e usa!
Pra fechar o dia, Jardim Botânico, suas estufas, palmeiras e o portão da Antiga Academia Imperial de Belas-Artes.



Em nenhum momento se esquece que aquilo tudo tá ali porque um dia o Rio foi a capital do país.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Um albergue num feriadão

Como escrevei em post anterior, fui pro Rio e, em meio a diversas experiências antropológicas, fiquei num albergue.
Vamos combinar, albergue é coisa pra jovem. Ou pra quem é muito desencanado.
Já fiquei em todo tipo de hospedaria: hotéis bacanas, xexelentos, meia-boca, aqueles em Paris que vc jura nunca mais voltar, hostel simpático em Barcelona, B&B maravilhosos (escrevi sobre três neles nesse blog), apart-hotel, indefectíveis Ibis e até hotel boutique. Mas albergue foi a primeira vez.
Qual o problema?
Não é ficar com muita gente no quarto. No meu caso, fiquei com dez meninas e foi um bom aprendizado. Distante geograficamente das minhas sobrinhas, não sei bem o que passa pelo coração e pela mente de uma jovem de 20 anos. Isso eu adorei (não sei quanto a elas, ainda acho que foi um pouco invasivo).
Então vamos ao café da manhã. Nada justifica uma bebida que deve ser Ki-suco (se é que isso ainda existe). E nada justifica que a comida, que acaba em segundos, pois jovem come muito, rsrsrs, não seja reposta na hora. Ou seja, em um minuto havia fruta, no minuto seguinte acabava e depois nunca mais. Se indagados, os funcionários não davam a mínima...
E tem o banheiro. Aí, definitivamente não dá. É preciso que alguém limpe com mais frequência. Chegamos, no último dia, a "pular" o banho, tamanho desgosto coletivo que aquele banheiro nos causava. Andei na praia no Rio pra tomar banho em Campinas... isso é inédito na minha vida.
E mais não conto pois leitor nenhum merece.
Conclusão: é barato. Barato sem barata, o que também é importante. Eles dão lencóis e toalhas, tudo limpinho. E cadeados para os armários.
Mas... será tão barato assim, pelo que oferece?
Assim, entre o hotel bacana e caro e o albergue baratim, fico com os maravilhosos B&B com tudo que estes têm de bom, inclusive donos atenciosos.
Vá lá, mas só se você for campeão nacional em jogo de cintura. Guardo minha impressão de um subtexto no ar: por esse preço você quer mais?
Talvez funcione fora de temporada, mas... isso existe no Rio?

http://www.hostelrepublica.com.br/
E para que ninguém me acuse de má vontade: a localização é preciosa, a passos do Palácio do Catete, perto do Aterro do Flamengo, do Centro, do metrô.
Quanto ao banheiro abaixo, só na foto.

domingo, 20 de novembro de 2011

Rio com 32 alunos: segundo dia

Não conheço ninguém que em sã consciência simpatize com a figura do Carlos Lacerda -- ou, se simpatiza, não me conta!
Mas é impossível não pagar pau pro Aterro do Flamengo. Só que, para além do governo do Lacerda, tem mais gente por trás desse quase miraculoso parque linear. Em primeiro lugar, Affonso Eduardo Reidy, e sua companheira da vida toda, Carmen Portinho.
Reidy é tido por muitos como o melhor discípulo de Le Corbusier, mas aprendeu muito com Alfred Agache também.
E tem Lota de Macedo Soares, a escolhida por Lacerda para dirigir o projeto de urbanização do Aterro. E Burle Marx, claro, além de outra engenheira bacana, Berta Litchic (a primeira mulher a se formar pela Poli, em São Paulo).
Pensando bem, eta mulherada porreta: Berta, Carmen, Lota.
Claro que ao caminhar pelo aterro a turma não tinha isso em mente -- mesmo eu tendo feito um breve relato das circunstâncias do projeto e execucão. Mas ao caminhar por ali, vendo o mar, as árvores, os espaços de lazer, as pessoas ocupando despretensiosamente seus lugares nesse grande parque etc., tenho certeza de que esses futuros arquitetos entenderam tudo.
Pra terminar a caminhada, o Museu de Arte Moderna, maravilha também de Reidy e Carmen e, como se já não estivesse tudo perfeito, era o último dia de uma linda exposição da Louise Bourgeois.
Depois disso, a igreja mais linda do mundo, a mon avis: Outeiro da Gloria, uma pérola incrustrada no morro, uma pequena maravilha.
Haja perna. Claro que a tarde terminou em comilança e uma cervejinha, pois ninguém é de ferro.
Há dias em que penso em Lou Reed: just a Perfect Day.




quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Rio com 32 alunos

Minha concepção de vida perfeita incluiria ir pro Rio uma vez por mês. Até que tenho ido, mas sempre correndo. Dessa vez foi diferente, consegui lá ficar quatro dias.
A alegria já começou no avião da Avianca, pontual e confortável (ando fã dessa companhia) que, por excesso de aviões pousando em SDU no mesmo horário, ficou sobrevoando Angra. O sol da manhã batia naquelas águas e eu me perguntava se era um vôo comercial ou uma exibição.
Vôo perfeito, rumo ao albergue. Só com meus queridos alunos pra eu enfrentar uma hospedagem dessas. Voltarei ao assunto em outro post, só pra isso.
Muitos dos meninos visitavam o Rio pela primeira vez, e esta cidade precisa ser visitada por todos! Assim, saímos do Catete e caminhamos em direção aos arcos da Lapa observando os diversos estados de conservação das casas da Primeira República.Fiquei com a impressão de ter sentido um aroma de gentrificação no ar... espero estar enganada. De lá, uma pausa na Confeitaria Colombo, porque ninguém é de ferro e rumo ao Paço Imperial. Do outro lado do Arco do Telles: feirinha de artesanado, esculturas do Zé Rezende, almoço para todos os gostos e bolsos e um café no Centro Cultural Banco do Brasil.
Todos alimentados, rumo à praça XV e suas barcas para cruzar a baía até Niterói. Ali, impávido, o Museu de Arte Contemporânea, aquela linda nave que Oscar Niemeyer fez pousar na cidade.
Os cariocas que me desculpem, mas Niterói é bem legal, moraria ali sem susto.
De volta ao albergue, todos cansados e contentes. A moçada ainda foi sambar na Lapa
Eu tinha meus motivos para querer que eles gostassem muito do Rio, para além de sua óbvia beleza.
Acho que consegui.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Bate-pronto em Floripa

É uma tristeza, mas ando me especializando em bate-pronto. Anteontem jantei em Sampa e dormi em Florianópolis. Ontem, almocei em Floripa e ainda cheguei para um lançamento de livro em São Paulo.
O que se pode perceber de uma passagem tão meteórica é muito pouco. Anyway, foi a primeira vez que fiquei no norte da ilha e deu vontade de voltar e explorar. O vôo dura apenas 51 minutos ou seja, Floripa é muito perto de São Paulo.
E a Avianca (não ganho nada por observar isso) está dando um banho nas outras companhias que fazem vôos internos. Pontual, com staff gentil e visivelmente mais espaço entre as cadeiras para acomodarmos as perninhas. E dá um lanchinho mais ou menos, nada que lembre a indigência da Gol.
O Hotel Maria do Mar funciona muito bem para eventos, é simples, na medida e tem uma vista maravilhosa dos quartos, daquelas de acordar e gritar "bom dia" pro marzão besta.
Contudo, preciso fazer duas observações:
1. Por que servir suco artificial no café da manhã? Custaria muito alguém espremer rios de laranja em uma máquina? Faria toda a diferença, é horrível começar o dia sem suco e pior ainda com um troço que tem gosto de Tang (do que imagino que seja o gosto de Tang, claro);
2. Um hotel precisa ter café fresco, coado e delicioso. Ou então café espresso. Hoje, nada justifica aquele aparelho cujo nome eu desconheço, mas no qual o café fica esquentando o dia todo em botecos muito xinfrim. Sempre penso na canção do Arrigo Barnabé: sabor de que? Sabor de veneno!
De resto, espero voltar e tomar muita caipirinha com vista pro mar.


A imagem é do site do hotel. O bate-pronto foi tão expresso que nem câmera eu levei.