sexta-feira, 22 de junho de 2012

Belém

Quando eu era adolê, surgiu uma cantora de voz doce com uma música na trilha da novela Gabriela (ainda não vi o remake, impliquei). Depois, uma canção da mesma Fafá falava em "Belém do tucupi, Belém do tacacá, Belém do açaí, Belém do Grão Pará". E, por décadas foi tudo que eu soube dessa cidade, ignorância brava.
Há poucos anos fiz um "bate-pronto" em Belém e adorei, estava louca pra voltar. Voltei e gostei ainda mais.


Belém é norte, nada a ver com as capitais -- umas maravilhosas, outras meio médias -- do nordeste brasileiro. É uma cidade com rio, é Amazônia, é outro Brasil. Outras frutas, outros peixes, uma chuva que molha todos os dias, mangueiras, arquitetura belle-époque, pessoas com traços de todas as mestiçagens possíveis. Belém dá pro rio que dá pro oceano, mas ela não olha pro leste, olha pro norte. Está quase nas Guianas. Uma maravilha.
Claro que em dois dias, embora com ótimos cicerones, pude ver o básico. Pra quem gosta de arquitetura de ferro como eu, é uma perdição. Um mercado de carnes, batizado de mercado Bologna por conta de um eminente engenheiro, é um patrimônio imperdível, especialmente porque a população o usa para comprar carne. É um grande açougue (penso que meus amigos vegetarianos começam a passar mal). Em frente, umas barracas onde funcionam a versão atual do famoso Ver-o-peso e o próprio, em reforma, uma muvuca de fazer gosto. Alguns turistas e um ponto turístico, mas não é o Mercado Modelo de Salvador, tampouco o Mercadão de São Paulo, que são bonitos e interessantes, mas algo para ingês ver. Como não sou inglesa nem nada, adorei os meercados de Belém. São comércio mesmo, troca, bagunça, e do lado temos barcos entregando peixes, urubus esperando oportunamente seus restos, tudo isso no centro da cidade, com os ônibus passando a toda...


E as Igrejas? São de interessar até uma atéia militante. A de Santo Alexandre, onde funciona o Museu de Arte Sacra, é imperdível pela própria edificação e pelo acervo. E de modo geral,  patrimônio arquitetônico ainda está lá, senão impecável como muitos desejariam, mas em uso, inscrito no cotidiano da cidade.
Infelizmente cheguei pouco antes da festa do Círio de Nazaré, mas ela já se fazia anunciar por toda a parte. E tem uma Sé maravilhosa e uma igreja matriz, que Mario de Andrade ao conhecer detestou.
Mas ele se apaixonou pela cidade com um amor carnal, sexual, físico, como escreveu em tom confessional ao seu amigo Manuel Bandeira.
Com tantos cheiros, volumes, cores e sabores, só faltava mesmo alguém imaginar que Belém se ama ou odeia de modo casto ou espiritual. Mario sabia das coisas.
O melhor: parece longe, mas nos vôos diretos TAM (com comida ruim) ou Gol (sem comida), a partir de São Paulo, em quatro horas e pouco se desembarca por lá. Muto pouco para tudo que a cidade oferece.


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