sábado, 4 de agosto de 2012

Viena

Sonhei em ir pra Londres minha adolescência inteira, por causa do rock, claro. Mais tarde, passei a sonhar com Paris por vários motivos, com Nova York por fome de cosmopolistimo, como o oriente por curiosidade. Hoje sonho com a África e com lugares recônditos da América Central.
Nunca cheguei a sonhar com Viena. Com Praga sim, pois alguns diziam ser mais bonita que Paris, o que me parece quase impossível.
E Viena? Viena foi um sonho intelectual, por causa de um livro que li em 1989. Seu autor, o historiador Carl Schorske fez uma leitura da indissociabilidade de cultura, cidade e política que é muito do que eu penso dessas coisas até hoje. E Viena passou a significar um monte de personagens - Freud, Klimt, Schömberg - e um plano urbanístico conhecido como a Ringstrasse, rua do anel.
E lá fui eu atrás da Ring. E do Danúbio. Freud, Klimt etc. E de música, pois para mim Viena ecoaria a Mahler e Mozart a cada esquina.
Ao chegar, cadê a Ring?


Bom, o que se vê no mapa do final do século XIX ainda está lá. Mas o traçado que é bom, não se percebe. A Ring é uma junção de ruas e quando estamos em uma.. bem.... a outra está lá do outro lado! Exista mais no mapa, nessa quinta fachada que se tornou o googlemaps, mas não para os olhos e pernas de um pedestre. mas tudo o que ele contou sobre os edifícios permanece. Um parlamento estranho, pois quis ser um forum romano, mas é meio sem escala; uma belíssima igreja neogótica e uma prefeitura idem; um teatro elizabetano, uma universidade renascentista. Como eram literais os arquitetos do século XIX: direito é coisa de romano, assim deve ser o parlamento; igreja bombou na Idade Média, logo elas devem ser góticas etc. Nada muito distante do raciocínio da nossa Catedral da Sé, construída entre 1940 e 197o em estilo... gótico, ora.
Mas embora o grosso dessa cidade seja uma obra do século XIX, nem só disso vive Viena.
Nem só de um aspecto que me intrigou/irritou, e que agtribuí a alguns acharem que precisam ter um simbolo para turistas e seus suvenires: o culto à Sissi. Para mim, Sissi e Sissi e Imperatriz eram filmes de Sessão da Tarde na adolescência, aqueles que minhas amigas adoravam e eu fingia que gostava para não ser "do contra" desde a mais genra idade. Mas, jantando com um amigo já de volta, chegamos à conclusão que se trata mais de uma nostalgia do tempo em que a Áustria esteve no centro, se não do mundo, pelo menos da Europa Central.
Pois é.
Hoje Viena não é centro de nada e as consequências disso são simplesmente adoráveis. O tempo todo eu senti uma cidade boa para se viver, boa para quem ali vive e que, mientrastanto, recebe turistas e os trata bem. O comércio fecha no domingo, aliás já está fechado no sábado depois do almoço e depois das 19 horas nos dias de semana. Perguntei a uma vendedora de loja se era assim mesmo e ela disse com altivez: somos dos últimos! Certíssimos... nada de cidade que não dorme por conta de quem chega pra visitar, é tudo no ritmo local.
Abaixo, o parque da cidade, Stadtpark, cuja rua, Parkring, é parte da Ring. A cidade é um bocado verde.


O transporte é bom, embora eu tenha achado o metrô um pouco mal sinalizado. Mas é o mais limpo que já vi, de longe, vazio, preciso, pontual e tem até uma revistinha de bordo. Melhor do que andar de avião em certas companhias, tá? E deu até pra andar de ônibus em um dia em que fui visitar um bairro distante. Tudo funciona.
E a vida cultural é de parear com as tais grandes cidades. Museus e mais museus, de tudo e bem montados. Museografia esperta sempre. Arquitetura respeitada sempre.
Nossa, já estou com vontade de voltar.
Só senti um inesperado silêncio: por conta do festival de Salzburgo, a Orquestra Filarmônica de Viena não estava na cidade. E eu que sonhei em ouvi-la de perto, terei de voltar.
Volto depois. Essa primeira impressão é só o começo.

Acima, a entrada de um hostel onde fiquei. Depois volto pra falar de hospedagem, preços etc.

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