sábado, 28 de abril de 2012

A hora do pesadelo

Um convite muito bacana para uma aula-palestra em Goiânia. Texto pronto, passagem na mão, fui de carro até o aeroporto de Congonhas. Vôo ótimo, rápido, motorista me esperando e hotel bacana. Ao acordar, a aula foi deliciosa, platéia engajada e receptiva. Voltei pro hotel, trabalhei um pouco no computador, dei uma dormidinha... outro motorista me levou até o aeroporto, até bem cedo para um vôo que partiria pouco antes das 20 horas. Tudo perfeito, certo?
Médio. O aeroporto de Goiânia é indigno de uma cidade linda e planejada. A fila da Casa do Pão de Queijo se confunde com a fila do embarque - que é longa e lenta. A Laselva só vende livros -- livros de aerporto, claro, Chalitas e Padres Marcelo da vida -- e embora, como eu coloquei no post anterior, internet gratuita seja uma determinação da Infraero, lá não tem. Pior: ninguém nunca ouviu falar.
Sem internet, sem uma mísera revista, lá fui eu pra sala de embarque. Comecei a ouvir o zunzum... Congonhas fechado. Pânico: eu sei que este aeroporto fecha às 23 horas e comecei a fazer as contas. E nada de nos chamarem. Os que tinham internet 3G começaram a acompanhar o abre-e-fecha de Congonhas por seus Iphone e Ipads. Embarcamos por volta de 21:30. Salvos, foi o que pensei, até o piloto dizer que o tráfego era tamanho que ficaríamos sobrevoando a baixada santista até segunda ordem. Claro que aí deu 23 horas e fomos proibidos de descer em Congonhas.
Caraca, meu carro no estacionamento - era tudo em que eu conseguia pensar. Mal sabia...
Já era quase meia noite quando soubemos que desceríamos em... Viracopos! Aiai, uma hora de ônibus para Sampa, pensava esta incauta que aqui escreve, tolinha. O avião pousou na área de carga do aeroporto e não tinha aquele ônibus da Infraero para vir nos buscar. Quase uma hora sentada no avião. Um funcionário pediu paciência, pois éramos (sic) 3 mil pessoas na mesma situação. Os passageiros, desesperados, começaram a ligar para famílias e afins. E continuávamos sentados até que.... veio um funcionário dizer que (sic) a TAM não tinha condições de nos transportar até Congonhas, que voltássemos (sic) por nossos próprios meios!!!!
Quando finalmente o ônibus da Infraero chegou, já era quase uma da manhã. Todos com fome e frio, claro. Alguns desesperados. O cansaço escrito nos rostos.
Corri pro guichê da Caprioli, empresa de ônibus local que estava, claro, fechada. Poucos taxis. Campinas é conhecida por seu péssimo transporte público e sua carência de taxis. Os passageiros chamavam os pontos e ninguém atendia. Já do lado de fora, soube que a TAM estava distribuindo vouchers para os taxistas nos levarem até Congonhas, mas: 1. a fila era enorme; 2. os poucos taxistas se recusavam a trabalahr com o tal voucher, preferindo negociar - em outras palavras, muitos se aproveitaram do desespero geral.
Como conheço a cidade e gente na cidade sei bem que, para completar, a rede hoteleira por ali é pífia. Liguei para uma amiga que, adorável, foi me resgatar e no dia seguinte me levou - sã, salva e alimentada - até a rodoviária. Depois de chegar em casa, tive de voltar ao aeroporto de Congonhas para resgatar meu pobre carrinho.
E aí, processo ou não? Por onde começar a brigar?
O mau tempo não é culpa de ninguém. mas se a companhia sabia que era um dia atípico, por que não providenciou assistência em Viracopos? Era o mínimo. Houve tempo hábil para isso.
O mais curioso, nas conversas do avião, era a preocupação de todos com a copa. Sorry, estou me lixando. Nossa presidenta já devia, a meu ver, ter mandado esta idéia às favas faz tempo. Quero mais é alugar minha morada eu euro e me mandar pra qualquer lugar.
Eu quero um aeroporto funcionado para mim e para cada passageiro, e que não abandone a mim e aos outros usuários numa cidade estranha, em um aeroporto no meio do nada, em plena madrugada.

Na imagem, o Inferno do pintor Hieronymus Bosch. Uma beleza do século XV.


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