sexta-feira, 27 de maio de 2011

Aveiro

Aveiro para mim faz pensar em doces de ovos. Meu ex-cunhado adorava (adora, penso, só que não é mais meu cunhado), comia num vidro sextavado, às colheradas. F., uma amiga-de-infância que fiz em Paris em dezembro, mora lá e sabendo da minha passagem por Portugal, me convidou para um final de semana. Difícil então separar Aveiro da hospitalidade calorosa. Ao chegar, uma mesa com mil delícias e... uns pasteizinhos com recheio de ovos mole, uma maravilha.
Aveiro é dominada em seu centro por uma ria, o que faz com que alguns a chamem de Veneza de Portugal. Tolice. Veneza é obra única, irrepetível, nem tudo que tem água ou canal vira Veneza. Uma ria, aprendi recentemte, é um pedaço de mar que entra pela terra, então o charmoso trecho d'água que corta Aveiro é de água salobra e segundo os moradores, às vezes cheira e muito. Bom, Veneza também...


Aveiro é uma graça. Um pouco como Coimbra, tem uma população estudantil enorme, que incide mesmo sobre a cara da cidade, enche suas ruas. E tem supresas. Vou revelar duas.
A cidade é cheia de casas art-nouveau, ou como dizem por lá, "arte nova". Ainda hei de entender a razão do estilo ter agradado por lá (sempre há uma razão), mas contento-me em mostrar algumas, a maioria bem restaurada, e todas com plaquinhas indicativas no chão, explicando o que aquele imóvel foi um dia.




F., sabendo de algumas manias minhas, me levou para conhecer uma vila operária cuja fábrica ainda funciona. Ainda funciona é modo de falar. É uma super fábrica de louça, que faz de faiança brasonada (credo, caretice tem limite) até peças contemporâneas, o que inclui algumas desenhadas pelo meu ídolo Álvaro Siza Vieira. Ainda bem que fui num domingo e a lojinha estava fechada, ou teria um rombo no saldo bancário e um problema para carregar peças frágeis pelo comboio e depois no avião. Ainda bem, nada! Queria é voltar lá e comprar tudo que fosse branco e feito pelo Siza.
A lojinha fechada, mas o museu aberto, e pude entender a evolução do fabrico da porcelana, desde as primeiras, passando pelas decalcadas (parecia capítulo de livro do Adrian Forty) e passando pela... Arte Nova!! Que tanto isso pegou por lá, ainda hei de descobrir.


O site da fábrica com detalhes sobre a vila:
http://www.vistaalegreatlantis.com/contents.aspx/11/A%20F%C3%A1brica/

Ah, além dos docinhos, Aveiro é a terra do bacalhau. Posso dizer que isso é a mais pura verdade.

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