domingo, 15 de maio de 2011

Rodar mundo afora e nada aprender, ou: existe um cosmopolitismo de quinta

Viajar é bom e perturbador, pois muitas vezes o que vemos de novo nos desloca.
Mas o objetivo desse breve post não é a vã filosofia dominical. Passei dias em Portugal andando e muito, pegando ônibus, metrô, comboio e taxi barato. E no meio da minha viagem, a bomba: cancelada a estação Higienópolis do metrô, atendendo à reivindicação de 3500 moradores que enviaram (ao governador, à Cia do Metrô?) um abaixo-assinado. Um abaixo-assassinado, eu diria, que quer matar sem dó a chance de uma cidade mais pedestre, acessível, humana.
O povo do Higienópolis viaja. Tem gente que certamente acha lindo pegar metrô em Londres, Nova York ou Paris -- excluo Roma com seu metrô risível. Gente que não se dá (ou melhor, deve se dar) conta de que no 16ème, bairro pra lá de chic de Paris tem ônibus, metrô e RER, ou que se anda de metrô no East Side. Gente cujos filhos andam de transporte público pela primeira vez ao fazerem intercâmbio. Etc. Etc.
Assim sendo, por que e para que viajar? Para depois dizer que lindo, no primeiro mundo tudo funciona?
Haja paciência, e a minha anda por um fio.
Ainda bem que o mundo não é coeso e que nessa cidade em que vivo tem gente cosmopolita de verdade. Tão cosmopolita que faz churrasco na avenida linda do bairro "nobre". Que topa o conflito. Sim, pois passear mundo afora também é pra ver conflito.
Vi muita manifestação em outras cidades.
Obrigada, churrasqueiros diferenciados. Só não compareci porque estava na ensolarada Lisboa, onde os "recibos-verdes" saem às ruas em protesto, onde a crise é debatida em cada tasca.
A imagem abaixo eu tirei a esmo da internet. São várias, maravilhosas.
E um protesto solitário contra as touradas no Chiado, mais um protesto bonito a favor dos sans-papier que tive o prazer de ver em Paris.


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