quinta-feira, 19 de maio de 2011

Atira-te!!!

Dizem que Lisboa tem apenas 600 mil habitantes. É pouco pros nossos padrões urbanos. Aqui, cidades do interior podem ter um milhão, e são vistas como cidades médias. E algumas são mais sem-graça do que xuxu sem tempero.
Lisboa é na medida. Os tais 600 mil estão espalhados de modo a formar uma mancha grande, mas a cidade tem uma desejável densidade urbana. Os milhares de prédios baixinhos quase nunca são interrompidos por espigões a perturbar a paisagem. Há lindos parque e praças e muitas das ruas -- com seus nomes maravilhosos -- são bastante arborizadas.
Ou seja, Lisboa na primavera é tudo.
Não tem aquele excesso de estímulos de cidades como Londres, Paris ou Barcelona, mas tem uma oferta cultural e comercial de fazer inveja. Museus incríveis, muitos cinemas -- embora o decréscimo de salas de rua também por lá se faça sentir -- cine-teatros, teatros, além de alguns bairros boêmios.
Passei uma semana feliz feito pinto no lixo pesquisando na Biblioteca de Arte da Gulbenkian, e já falei de seu café e seus jardins. Nos intervalos, passeava.
Uma noite, fui jantar, em companhia de amigos queridos no Atira-te ao Rio, passeio que vale por todas as etapas. Descendo do metro no Cais do Sodré, toma-se o barco que atravessa o Tejo. Do outro lado, é preciso caminhar um pouco por uma ruazinha entre o rio e edifícios em ruínas, sem muita iluminação. Problema nenhum, todo mundo lá faz isso. Ao chegar, literalmente, um restaurante cuja janela toca as águas do Tejo. E a comida é ótima, moderna, um diálogo entre nossas tradições culinárias e a dos amigos portugueses. Por exemplo: bolinho de bacalhau com mandioca, de comer de olhos fechados. Como sói acontecer por lá, é barato se comparado ao que se gasta para comer -- comer bem e comer mal -- numa cidade como São Paulo.
Na volta, a caminho do barco, mezzo embriagada e feliz, atravessei o caminho iluminado apenas pela lua crescente e pelas luzes de Lisboa que refletiam do outro lado. Dava pra ver pontos da cidade como o Castelo São Jorge, a baixa e, claro, a ponte 25 de abril, minha preferida (pela data e por parecer a Golden Gate de São Francisco).
A vontade era mesmo de me atirar.
Vá lá: http://www.atirateaorio.pt/
Atirar-se ao Chiado, aos caminhos beira-rio, ao bairro de Alcântara, às inúmeras ruelas e aos muitos becos com arcos.
Na dúvida, atira-te à Lisboa.




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