O francês Auguste Perret nasceu em 1874 - ou seja, pouca coisa mais velho do que os arquitetos modernistas -- e estudou arquitetura na Belgica. Sortudo, herdou do pai a firma de construção Perret et frères. Uma de suas primeiras obras, o edifício de apartamentos da Rue Franklin, em Paris, é de 1903.
Em Paris, vale a pena alterar qualquer caminho só pra passar em frente. É lindo, cheio de detalhes e de um tocante pioneirismo no uso do concreto armado. Tratei de conhecer agora pouco, em junho. É uma beleza. Do lado de fora, ficava me perguntando como seria o apartamento e achei a planta na internet:
O apartamento é ainda nos moldes da casa burguesa do século XIX, com boudoir e fumoir, demarcando bens os domínios masculinos e femininos no espaço doméstico. Mas dá pra imaginar o potencial com uma reforma sutil, discreta.
Tenho essa mania que já virou objeto de riso entre meus amigos. Sempre que viajo fico imaginando onde gostaria de morar. Em Paris são vários os meus endereços, mas no momento viveria feliz na Rue Franklin.
Em São Paulo, Auguste Perret foi responsável pelo edifício onde funciona o museu da FAAP. O fato é desconsiderado pela direção dessa instituição de ensino, famosa por se lixar para o patrimônio cultural, mesmo estando na fronteira de dois lindos bairros paulistanos. E é considerado irrelevante pelos órgãos do patrimônio, que já deviam ter tombado a casa de Armando Penteado há tempos. Uma pena.
Em Paris, não passa desapercebido. Ainda aprenderemos a considerar melhor o que temos de cultura material nas nossas cidades.
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