Eu iria pra Bahia logo mais, mas por mil motivos desisti.
O que eu faria por lá? Bom, eu sinto uma alegria genuína já ao sair do aeroporto, ao atravessar o bambuzal. Ouvi rumores de que o dito aeroporto voltará a se chamar "Dois de julho" e espero que seja verdade e ainda lembro do susto, em pleno vôo quando escutei que estávamos há minutos de pousar no aeroporto Luis Eduardo Magalhães...
Bom, Bahia não é ACM e este já foi pro outro lado da vida. E a enigmática Salvador continua por lá.
Se por lá estivesse, sairia direto do aeroporto pro meu hotel preferido na cidade. Eu simplesmente adoro o Catharina Paraguaçu. Por seu casarão bem recuperado, pelo artesanato, pela localização. É só tomar um taxi e dizer que vai do lado do acarajé de Dira! O Rio Vermelho é um bairro adorável e estratégico, inclusive pelos acarajés. Nesse hotel, após um dia eu já escutava, com aquele acento maravilhoso: "Sil, como vc vai querer seus ovos, no ponto ou mais molinho?" Apenas 23 apartamentos e funcionários gentis, é assim que funciona.
Se por lá estivesse, depois de deixar a mala no hotel, rumaria direto pro Solar o Unhão, onde funciona o Museu de Arte Moderna. Se tivesse uma exposição bacana, ótimo. Caso contrário, ficaria por lá só para olhar a bela construção setecentista recuperada no início dos anos 1960 por Lina Bo Bardi, que andava arrasando pela Bahia. Minha ligação com Salvador eu devo a essa senhora, então o mínimo que faço é prestar tributo.
Era uma casa meio abandonada, embora tombada, quando a avenida do Contorno foi construída. Lina derrubou parte da construção, esvaziou o espaço interno e adaptou tudo para abrigar um Museu de Arte Popular que foi fechado após o golpe de 1964. Virou MAM, o que é inadequado, pois as obras sofrem à beira do mar. Daí as janelas hermeticamente fechadas e outras alterações.
Never mind. A beleza da intervenção de Lina ainda está lá, e a vista para a maior baía do país também.
Como a página do museu tem fotos atuais do espaço, as imagens abaixo são do tempo do Museu de Arte Popular.
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